Primavera chuvosa e fria
Oi Manu,
A primavera aqui em Roma anda chuvosa e fria, me recordando Pelotas a todo o momento.
Penso que está se aproximando a hora do retorno.
Essas últimas semanas tem sido muito intensas, com muitas caminhadas por Roma, palestras, workshops, etc. Todos ao mesmo tempo, uma catarse, quase não consigo acompanhar tudo.
Fizemos a caminhada do Master, dias 7 e 8 de maio, da Porta Maggiore para a Zona Est de Roma, em busca da Roma Selvática, caminhamos por 2 dias seguidos, das 10h00min as 20h00min, mais ou menos, cerca de 10km por dia.
Sempre atravessando espaços "selváticos", parques, abandonos, ruínas, vazios, baixio de pontes, etc. Numa sensação de liberdade e prisão, quase que ao mesmo tempo. Durante essa caminhada percebi que haviam duas formas de caminhar, a dos "romanos" que sabiam o caminho, a história de cada lugar, por onde se podia passar ou não e onde estávamos mais perto do ponto de ônibus e trem e; uma caminhada dos "outros".
Os "outros", nós os estrangeiros, os imigrantes, o que não conhecem a cidade. Era como se estivéssemos na lua, nada fazia sentido, só caminhávamos a ermo. Foi uma verdadeira errância, não tinhamos referencia de nada, nada representava nada para nós.
A Valentina caminhou esses dois dias comigo. Pensamos juntos muitas coisas, que estamos organizando em um website https://wp.ufpel.edu.br/caminhografar/. Durante a caminhada percebi também que nos brasileiros somos mais "precavidos", levamos agua, comida, filtro solar. Os romanos não sentiam sede, nem fome e aguentavam o sol direto na pele.
Durante a caminhada, fiz algumas intervenções, tentando agitar e "ouvir" as vozes. Porque todos seguiam em quase silêncio, senti falta da "música". Eu tentando inter-agir.
Também tenho realizado caminhadas as quintas-feiras com a turma de "Arti Civiche", estamos caminhando em direção ao mar, sem o compromisso de chegar. Por lá, também fiz uma intervenção com monóculos, com imagens de inscritas urbanas que encontrei durante a caminhada. Parece que gostaram, se interessaram. Embora ninguém tenha me feito perguntas.
Depois dessas experiências e intervenções, algumas pessoas aqui me identificam como "artista brasileiro", que estranho! Quão excêntrico é isso para mim. Estou aprendendo muito sobre as formas de caminhar e quem caminha.
Resultado desse tempo caminhando no sol romano, uma gripe que não sai de mim.
Atchim!
Bj e boa semana, vou tomar um chá.
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