Saindo e Chegando
Oi manu,
Saímos de Pelotas dia 29 de dezembro, fechamos o nosso apartamento, um sentimento de abandono, uma sensação de ir ou ficar, muitas dúvidas. "Porque inventei isso?".
Agora não dá mais para voltar atrás. Vamos lá. Dormimos em Porto Alegre, e no outro dia - 30 de dezembro, partimos para São Paulo e em seguida para Roma.
Chegamos dia 31 de dezembro pela manhã, as 7h30min, frio mas nada demais. Passamos pela imigração, não nos perguntaram nada, so carimbaram e deu, "achei estranho".
Fomos em direção ao ônibus que leva até termine, esperamos um pouco lá, porque tinha combinado com a imobiliária que estaria as 11h00min na porta do apartamento em Trastevere. Pegamos um taxi para ir até lá com as 4 malas e mais umas coisinhas.
Na frente do apartamento as 10h30min, num beco de Trastevere - vicolo, uma pequena passagem tranquila no mar de turistas que invadem diariamente o bairro. Estamos em pé na frente do número 39, de repente uma mulher abre a janela, no prédio ao lado e fala comigo. Aí, não entendo nada, acho que é um italiano romano?
Ela desce falando sem parar, abrindo portas, nós depois de umas 12 horas de voo - cansados, não entendíamos nada, falei meu pouco italiano com ela, mas ela não compreendia, só gesticulava.
Depois de muita mímica, espanhol, inglês, português e italiano, ela nos abriu a porta do apartamento. Um micro apartamento, cozinha-sala-quarto-banheiro, um exercício contraditório reduzir de morada, ter, usar e consumir "menos coisas".
Tudo isso em 50m2, no Vicolo Moroni, 39/1, Trastevere, um beco bem calmo, no meio do tumulto diário de turistas. Sensação estranha, sair de um beco bucólico, quase melancólico e entrar no fluxo dos turistas que vem e vão pela ponte Sisto.
Depois desses primeiros dias, muitas caminhadas atrás de burocracias, permessos, comprar cobertores, lençóis, comida, comida, comida, uma chaleira, etc. Varias pequenas coisas essenciais para a casa funcionar, estamos nos aquietando e organizando melhor. A euforia turística começa a passar.
Na quinta-feira Piccio me chamou para jantar, preciso te contar essa aventura: Piccio me chamou no messeger e me convidou, me deu o endereço, na mensagem entendi que era um bar, Via del Porto Fluviale 21, disse que iriam uns amigos também.
Eu e Pierre, nos arrumamos e decidimos ir a pé, caminhando, vimos que não era tão perto, mas dava para ir andando pela margem do Tibre. Chegamos em frente ao prédio 21, era um prédio em obras, todo fechado, esperamos um pouco na frente, uma pessoa - talvez um porteiro - abriu a porta, eu disse: "Sono venuto a casa di Francesco Careri". Ele respondeu: "Francesco Careri non vive qui".
Saímos e ao passar no número 20 da mesma rua encontramos um bar chamado "Porto Fluviale", logo pensamos é aqui, entramos, era cedo ainda umas 19h30min, tínhamos marcado as 20h00min, sentamos e começamos a comer e beber alguma coisa - estávamos famintos - esperamos, esperamos e nada. Cada ser que entrava na porta, ficávamos na expectativa, e nada, o bar era enorme eu caminhava, quem sabe Piccio estava diferente e eu não reconheceria.
Já se passavam das 20h30min, decidimos sair do bar e voltar no número 21. Dessa vez tinha um casa entrando, perguntamos pelo Piccio, ufa, era lá mesmo. Era o Lorenzo, sua esposa e filho. Salvos, entramos no prédio em obras, num micro elevador, no terceiro piano encontramos Piccio e seus amigos. Bem, jantamos tudo de novo, kkk. Foi um ótimo encontro. Combinamos de nos ver novamente na terça-feira em sua aula de projeto na universidade.
Preciso te contar que tenho tido muitas ideias, tenho feito muitas caminhadas e realizado algumas fotografias, muitas delas para o alto e olhando/focando para cima, algumas vezes fotografando apenas o céu, outras pequenos resquícios de edifícios, monumentos, fios elétricos, arvores, etc. Não sei porque estou fazendo isso, em todas as caminhadas: talvez um mapa inverso. Todas as minhas imagens estão georeferenciadas pela camera, mas quero montá-las aleatoriamente. Se tiver alguma ideia sobre isso, me conte. Ok?
Tudo ainda incerto, talvez montar um site e usar o georefenciamento para levar até o mapa, ou talvez levar a um outro lugar, traçar novos caminhos? Talvez o título seja: "CAMINHANDO NO CÉU DE ROMA, cartografias urbanas
inversas e reversas".
Amanhã, segunda-feira, dia 6 de janeiro, vou num lugar que dão aula de italiano para imigrantes, fazer um teste e ver se nos aceitam. Depois te conto como foi.
Não se assuste com nada no Brasil, isso é o que acontece num lugar onde tudo podemos esperar. Bj e boas férias! Me conte da praia.
Edu Rocha
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